quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A dor e a delícia - Georgia Stella

A frase que mais ouço de bocas distintas é: “O que tiver que ser, será”. Eu sei disso, mas mesmo assim desperdiço uma quantidade enorme de energia tentando prever a parte do “será”. Talvez apego, talvez necessidade de controle. Não sei.
Dias desses, no encontro do grupo Sobre Livros e Leituras, comentávamos o poema Alheamento, do amigo Romar Beling, onde tem uma citação de Armindo Trevisan: “Os que amam não olham para a frente”. O poema fala de alguém que andava de costas, sempre voltada para um passado. E o autor comentava conosco que as pessoas se prendem à algumas situações ou pessoas e não conseguem viver o presente. Ficam presas em alguma lembrança, andando de costas. E algumas procuram algo para ter a que se prender. E segundo ele as pessoas se dividem nesses dois grupos: as que estão presas e as que procuram algo a que se prender. Eu já fiz parte do grupo da procura e também já andei de costas... E hoje vivo novamente esse momento. Parece sina.
Uma semana depois dessa reflexão toda, encontro o Dan Porto e ele, sensível e perspicaz, cita Fernando Pessoa: “Tudo que chega, chega sempre por uma razão”, e acrescentou “e tudo que se vai também”.
Quando vou deixar de andar de costas e desperdiçar energia, não sei. Mas no meio de tantas previsões, esperançosas e catastróficas, 2012 reserva algo à turma dos andantes de costas. Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é já dizia Caetano, e eu acrescento “e da angústia de um será”. E pra não perder o costume: O que tiver que ser...

6 comentários:

  1. Não dúvido dos acasos, mas há muito que está nas nossas mãos. 2012, não quero um ano de desejos e sonhos, mas sim quero vivê-los. Precisamos tomar a vida um pouco para si.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Poeta da Colina! Não acredito em acasos. Toda pessoa que cruza meu caminho tem uma finalidade. Espero ter sensibilidade para perceber isso, assim como fazer bom uso do meu livre arbítrio e saber a hora de desistir de determinadas coisas. Esses são meus desejos pra 2012. Quem anda pra trás é carangueijo (nota mental) =). Obrigada pelo comentário.

      Excluir
  2. Bueno, a mim não importa andar de costas. O que eu não sei é ficar sem amor.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Andar de costas só vale a pena pra relembrar os bons momentos. Também não sei ficar sem amor, Dan Porto. Mas acho que é uma necessidade do ser humano. Abraço.

      Excluir
  3. Tá faltando yoga aí, hein?! Rs... bora desapegar. Do bom, do ruim. A gente tem que viver igual os indianos dirigem: cuido do que está logo a minha frente. Quem está atrás que se vire comigo! Ahahahah

    ResponderExcluir