Entrevista

Diante do sucesso do texto de Maya Quaresma aqui no Sala de Conversa, eu decidi entrevistá-la e compartilhar com vocês um pouco mais sobre essa paraense, cientista, adventista, blogueira, escritora e tantas outras coisas.

(Dan Porto) Quem é Maya Quaresma?

(Maya Quaresma) A Maya é uma mulher, que nunca deixou o seu lado criança. Uma menina que colocou seus caminhos nas mãos de um Deus que ela acredita que tudo pode. Uma mescla de cientista com escritora, tentando levar sentimentos e emoção ao seu lado racional. Uma pessoa que acredita no amor, e que espera o dia em que poderá vivê-lo, de fato, ao lado de outro alguém. Um alguém que já foi predestinado desde antes de nascer.

(Dan) Já fizeram brincadeira com o seu sobrenome, Quaresma?

(Maya) Nossa, e como! Na infância amigos me zoavam por ter sobrenome de feriado, mas depois passou. Hoje em dia o que mais acontece é pessoas pedirem para eu soletrar, ou então perguntam: Se escreve com K? Nossa, com K? (risos) Tenho amigos e professores que só me chamam pelo sobrenome... dizem que gostam. Eu quando criança odiava... hoje, é o nome que dou em tudo. Coitado do meu pai, deixei o sobrenome dele de lado (risos).

(Dan) Nós conversamos e chegamos a ensaiar juntos um texto sobre a questão da divisão do Pará. Após o resultado, o que você está pensando?

(Maya) Bem, para quem não sabe, sou paraense e moro na capital do Estado, Belém. Tivemos um Plebiscito pela divisão, o primeiro na história do Brasil. Eu votei contra e ganhamos. Mas eu não vejo essa vitória como um ponto inteiramente positivo. É fato que os recursos não são distribuídos de forma igualitária em todo o nosso território – na verdade não é assim em nenhum lugar, infelizmente. Os políticos precisam olhar para os lados de Tapajós, Carajás, o Estado como um todo na verdade. Faltam hospitais, faltam professores, falta um olhar de compaixão e de força de vontade para fazer algo de fato nesses lugares. E eu espero que com a quantidade que houve de votos a favor da criação desses outros dois Estados, comecem realmente a fazer algo por eles também.

(Dan) A Maya Quaresma é mais cientista ou mais artista?

(Maya) Pode ser uma mescla dos dois? (risos) Eu amo a área que eu escolhi. Amo trabalhar com pesquisas em câncer. Digo que me vejo fazendo outra coisa sim, mas não seria feliz como sou na oncologia. É lindo trabalhar pensando no próximo. Não sei se me considero uma artista, por assim dizer. Eu escrevo... desde... sempre, eu acho. Já escrevi dois livros – que nunca irei publicar, a menos que mude quase tudo. Estou escrevendo dois, estes espero lançar ano que vem. Tenho um blog onde escrevo aquilo que sinto... e são todos reais. Sou eu naqueles escritos. Toco violino, desenho mangás, mas prefiro desenhar carros... Talvez eu seja uma cientista que não pensa somente com a razão. Uma cientista que deixa muito do seu coração, dos seus sentimentos, envolverem o seu trabalho. A verdade, a Maya Quaresma é uma incógnita até para ela mesma.

(Dan) Uau, você toca violino?! Eu acho lindo, mas é dificílimo, não? Você encara a arte como válvula de escape, ou pretende mesmo se tornar uma escritora, ou musicista ou desenhista conhecida?

(Maya) Sim, violino é um dos instrumentos mais difíceis de uma orquestra. Eu dei um nome ao meu, Sophie, mas infelizmente não tivemos um bom diálogo esses tempos (risos). Comecei a tocar aos 11 anos de idade, mas sinceramente, nunca levei a sério. O desenho sim, este é o meu grande hobbie, e posso dizer com toda a certeza que é a minha válvula de escape. Sempre que me sinto triste ou magoada com algo, nem que seja um rabisco, eu faço. A escrita estava nesse patamar há um tempo, mas, desde que fiz o blog (Sob a Luz da Lua) eu comecei a levar isso tudo mais a sério. Vou contar um segredo: sempre odiei tudo o que escrevi. Não acreditava em mim, ou no talento que as pessoas tanto dizem que eu tenho. Hoje, escrevo dois livros, e através deles, quero sim, tornar-me alguém conhecida. Não por status, ou por querer ser famosa, até mesmo porque acho que não haverá tanto bafafá... quero mais para compartilhar histórias antes imaginadas apenas na minha mente. E fazer sorrir e chorar todos que lerem os meus escritos.

(Dan) E por que você não quer publicar os dois livros que escreveu?

(Maya) (Risos) Nossa, sou muito crítica com tudo o que faço, e com a escrita creio que sou mais ainda. Eu era muito nova quando os escrevi. No máximo 16 anos de idade. Eu os vejo como romances extremamente infantis. Se eu for publicá-los, será depois de algumas boas mudanças. Eu prefiro focar nesses outros dois que estou escrevendo agora.

(Dan) E o que está escrevendo agora?

(Maya) Bem, estou escrevendo dois romances, que na verdade são bem distintos entre si. Talvez, penso eu, possa publicá-los juntos, mas como ainda não tenho editora, então fico apenas na esperança de que isso possa acontecer. Um livro, que eu escrevo desde 2009, fala sobre segundas chances. Todos os personagens anseiam por uma segunda chance, seja em termos amorosos, afetivos, de amizades ou de vida. Tentando resumir, são cinco personagens, um, em coma, sem família, sem nada. A outra, sua ex esposa, que sumiu da sua vida por motivos que ela conta ao decorrer do livro. O seu atual noivo, que quer a oportunidade de viver um amor de verdade com alguém. E mais outros personagens que prefiro por agora deixá-los no mistério. Estou em processo de direitos autorais e esses nomes que não sei dizer (risos) por isso ainda não posso falar os títulos destes livros.

O outro é uma comédia romântica, com umas pinceladas no drama, que é o que mais gosto de escrever. É um livro que fala exclusivamente de amor. São três personagens conhecendo esse sentimento de forma diferente entre eles. Eu gosto muito de montar personagens, histórias e afins. Na verdade bem mais que poemas. Espero que gostem de lê-los da mesma forma que estou gostando demais de escrevê-los.

(Dan) Você pesquisa oncologia. Qual a realidade no momento? Há estudos sobre medicamentos que possam curar ou impedir a formação de tumores, por exemplo?

(Maya) Nossa, a ciência hoje está muito avançada. E fico feliz pela história que ela tem produzido. O câncer já não é tanto um grande monstro como muitos pensam ser. Os estudos na Europa e Estados Unidos são tão grandes, por exemplo, que estão cortando gastos porque já estão além dos limites. Tem outros estudos que cuidam de saber cada vez mais como é o mecanismo de uma célula tumoral. Eu trabalhei uma época com uma pesquisa que envolvia alimentos que poderiam promover o aparecimento de um câncer. E há outros que cuidam da parte de alimentos que previnem ou evitam o aparecimento deles. E ainda temos muito mais pela frente, eu espero. Além, as chances de cura hoje estão cada vez maiores.

(Dan Porto) Para encerrar, o que a Maya Quaresma deseja?

(Maya) Desejo muita coisa para falar a verdade (risos). Para 2012 ou pra vida, espero me lançar de fato como escritora com esses meus dois livros, a priori. Conseguir uma boa editora, que possa fazer do meu apenas sonho um momento real. Consolidar-me como cientista/pesquisadora, fazer meu mestrado, doutorado, pós doc ou o que puder. Desejo nunca largar as mãos de Deus, e confiar sempre nEle, que é quem me mantêm viva e faz-me sorrir.