sexta-feira, 25 de novembro de 2011

E eu vos declaro marido e mulher – Maya Quaresma

Sei que muitas de nós, mulheres, e homens também, logicamente, querem ter alguém a quem dividir não apenas momentos, mas uma vida inteira. Casar-se, ter filhos, envelhecer juntos, e morrer ao lado daquele que aprendeu o significado do amor. O casamento é um ritual, por assim dizer, que existe desde os tempos bíblicos. Um momento importante para a família, onde uniões serão feitas. E os costumes e tradições ao longo dos anos mudaram bastante. Por exemplo, algumas famílias gregas já escolhiam os pares de suas filhas ao completarem sete anos. Nos costumes bárbaros, os romanos raptavam as sabinas, como forma de virilidade, e estas mulheres deveriam passar a amá-los e a tratá-los como seu senhor. Um ponto bastante interessante da história dos casamentos para mim é com relação à vestimenta. Não sei se muitos sabem, mas historicamente a cor do vestido de noiva é vermelha, e não o branco como muitos pensam. O vestido vermelho era usado pelas romanas, e o seu valor foi mudando com o decorrer dos tempos, mas a cor sempre permanecia. A cor vermelha simbolizava desde o nascimento de uma mulher, já que elas casavam depois da sua primeira menstruação, ou então o nascimento de herdeiros. Essas noivas, na coroação de Carlos Magno, em 800 d.C. - onde o casamento virou um ritual religioso e social - usavam adornos na cabeça, véus brancos, que simbolizavam sua castidade. E as flores sempre foram símbolos de fertilidade.

"Os vestidos podiam ser de qualquer cor, inclusive muito se usou vermelho em épocas mais remotas, como na Idade Média (entre 476 d.C. e 1453 d.C.) e em culturas diferentes, como no Japão, Índia e China", conta Míriam Costa Manso, professora do curso de Design de Moda da UFG (Universidade Federal de Goiás).

O importante naquela época era o noivo e sua família, junto à noiva, ter posses, e mostrar isso à sociedade. Quanto mais adornos e jóias, mais valorizada era aquela família. E como o casamento era uma união de posses, por isso, era comum que os noivos dessem de presentes cavalos brancos (isso lembra muito os contos de fadas que se utilizam deste símbolo até hoje). Já as famílias mais humildes, tinham casamentos mais simples, mas que também possuíam a concepção de fertilidade e solos abastados, já que suas proles ajudariam na lavoura. Por isso muitos se casavam no mês de maio, que era o início da colheita, simbolizando esta tal fertilidade. E hoje o mês de maio é visto como o mês das noivas.

A primeira noiva a vestir branco foi Maria de Médici, ao se casar com Henrique IV, herdeiro da coroa francesa, e desde então este tem sido o símbolo de elegância e pureza dos casamentos da sociedade moderna/contemporânea. A cor vermelha, lilás, laranja, e outras em que eram usados nos períodos históricos, foram abolidas pela Revolução Francesa, e posteriormente pelo papado, em que dizia que a pureza da noiva era a sua melhor qualidade, e que era isso que deveria ser demonstrado. Portanto, os vestidos brancos tomaram frentes nos casamentos até a era atual. Além do vestido, havia o véu branco, adornado com flores, representando a sua virgindade, e a qualidade natural que todas as noivas de família deveriam ter.

Claro que hoje as noivas casam de branco apenas por achar algo bonito, e muitas vezes nada além. E que as tradições antigas e seus significados não são mais levados tanto ao pé da letra. Mas de toda regra sempre tem sua exceção. O casamento para mim representa a demonstração do amor um pelo outro à sociedade. Você diz diante de todos que é aquele ou aquela quem você ama, e com quem quer viver o resto de sua vida. Com quem quer dividir seu sangue e seus bens. Com quem quer aprender a possuir todos os melhores sentimentos. Para mim o casamento é o selo da felicidade, porque creio que só se é feliz ao lado de outro. E pretendo manter todas as tradições e concepções antigas até e depois o meu casamento. Mas esta já é uma opinião minha.

(Pesquisa histórica sobre o vestido de noiva obtida do texto de Queila Ferraz, do blog fashion bubbles.)

20 comentários:

  1. Eu não ia comentar sobre o texto, mas, aqui estou. Eu sinceramente não me importo, e, não me agrada a cerimônia convencional. O essencial é o casamento em si, a convivência, o amor, e tudo o que pode ser construído através dele. Duas pessoas, duas almas compartilhando uma vida, evoluindo juntos. Nenhum relacionamento são flores, mas é exatamente isso que torna duas pessoas mais fortes: as dificuldades vencidas juntos. Hoje, casa-se por qualquer motivo. Eu só posso me casar se o que eu sinto é maior do que qualquer outra coisa. Escolhes viver ao lado de quem representa o mundo a ti, ao lado da pessoa com quem tu podes sempre contar, sob qualquer hipótese, ao lado de quem tu não te verias sem, ao lado de quem te dá a vida só por simplesmente existir, ao lado de quem tu amas incondicionalmente. Casar-se é render-se ao teu sentimento mais puro, e sorrir por isso. É para sempre. Só diz que casamento é uma prisão, invasão ou sofrimento quem não se vê feliz ou realizado com ele por tempo indeterminado. Os problemas sempre existirão, mas se há amor, no final das contas tudo pode ser contornado. Enfim, é algo muito, muito pessoal para mim.

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  2. ‎"Flores e espinhos são belezas que se dão juntas. Não queira uma só, elas não sabem viver sozinhas. Quem quiser levar a rosa para sua vida, terá que saber que com ela vão inúmeros espinhos. Mas não se preocupe, a beleza da rosa vale o incômodo dos espinhos"

    Fábio de Melo.

    O casamento é como essa frase do Pe. Fábio de Melo, a beleza do casamento vale o incômodo dos problemas. Linda postagem.

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  3. Engraçado do branco, é que a Virgem Maria, veste azul, mas são os sincretismos da igreja.

    Vejo uma nova geração que vê e critica o casamento como uma instituição social. E mesmo assim não perdem o sonho de pertencê-la, muito provavelmente por este histórico aqui apresentado.

    É difícil entender o que nos antecede.

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  4. Bueno, eu adoro casamentos, as cerimônias e a instituição.
    Também, acho fabulosa a ideia do texto explicativo.
    Concordo com a Ana sobre a banalização, mas compreendo que nós mudamos para uma liberdade que antes não era possível. Que felicidade maior em poder ser o que quiser? Nada é para sempre. O que importa é a vida e não a convenção.
    Maya, foi formidável a tua ideia e aproveito para sugerir o uso da tua pesquisa em algum trabalho ou mesmo ampliá-la e compartilhar aqui.

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  5. Bem...a questão de cor não há tanto consenso, quando se fala em branco. Historiadores dizem que a primeira foi a rainha Mary Stuart, e outros, a Maria de Médici.
    Antigamente Danilo, até preto se usava, em certas culturas orientais. Mas, quando você fala em azul, sim...é uma verdade. Até o século 19, muitas noivas se casavam de azul, e esta cor representava pureza e amor. E era uma tradição inglesa. Há pessoas que dizem também que essa cor representava o afastamento do mal olhado.

    Ana...ou melhor, Cathy, concordo com você. Também penso que sem amor, não há casamento.

    E pra mim, essa etapa da vida é a mais sublime. Depois disso, só a concepção de um filho. Que creio que é a maior felicidade que uma mulher pode ter.

    E gente, vou contar uma coisa pra vocês, a história do vestido de noiva é imenso. Não escrevi aí nem metade.

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  6. Dan, meu querido, fico hiper lisonjeada com teus elogios. Fiquei muito feliz com teus elogios sobre minha última postagem pelo Sob a luz da lua também. Foi muito bom escrever aquilo.

    Olha, já te disse que estudei moda né? Foi meu primeiro curso de graduação. E gostei demais, confesso. Agora ampliar essa pesquisa...isso eu já não sei, mas não deixa de me agradar essa ideia. Tem outras coisas, como a aliança...o próprio véu mais afundo, no casamento, que eu acho super interessante.

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  7. A tradição do casamento, por Maya Quaresma, da Editora...
    Que tal?
    Eu apoio.

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  8. hahaha...Já estou escrevendo dois livros (e façam o favor de comprar quando eu lançar, haha) e mal dou conta. Nossa

    Cientista, escritora, e escritora de moda também.

    Como vou casar se não tenho tempo pra mim?!

    Brincadeira. Vamos pensar nisso, quem sabe, pode dar certo.

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  9. Não me casaria novamente como manda o figurino. Na maioria das vezes se vê apenas teatro nas cerimônias de um casamento.Rs
    O importante é a união, respeito, dedicação e consequentemente admiração e sobretudo Amor! É tudo.

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  10. O mundo está tão do avesso, que as tradições parecem não fazer o menor sentido. Sem dúvida, maya, o teu texto é informativo, sedoso, e, um tanto instigante. É interessante pensar, e, constatar, o quanto uma história se tece por traz de um rito milenar, e, o quanto ela está longe de acabar.

    Nunca fui casado, mas compartilho da opinião da IT.

    Abraço do Leonel.

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  11. Ei Maya!

    Olha ai o texto que rendeu muito assunto no msn...

    Nunca fui ligada a tradições, sempre fui pelo lado oposto que elas guiavam.

    O casamento é a prova mais concreta do sentimento, do respeito e da confiança.

    Porque ninguém te obriga a permanecer casado, a não ser por amor.

    Um beijo, minha amiga.
    Escreva mais!

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  12. Obrigada IT, Leo e Rosa, pelos comentários. Muito bom lê-los e saber o que pensam.

    Olha, volto ao meu velho dilema, casamento sem amor, melhor nem ter. E do que adianta ser uma cerimônia estonteante, e apenas fachada, não? Do que adianta fingir ao mundo sentimentos que não existem.

    Mas...nesse aspecto, o do casar, eu quero manter algumas tradições sim. Tradições bíblicas e de vestimentas talvez, como a cor azul em algum acessório. Mas como eu digo, e até conversei com a Rosa sobre isso por messenger, é algo muito particular.

    E continuem comentando, muito, muito e muito! haha...

    Beijos daqui da lua
    Maya Quaresma

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  13. Como diz Paulo Coelho, Maya, "melhor não viver do que não amar". Se não há dedicação, amor, devoção e confiança, não há casamento.

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  14. Casamento para mim é sagrado. É o laço divino entre duas pessoas que se amam.
    Uma união sem amor é apenas dor.

    A tradição do vestido vermelho que me perdoe, mas, na minha opinião, branco é a cor mais linda para um vestido de noiva.

    ótimo texto, Maya.
    Beijos!

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  15. Obrigada pelo comentário Rachel!

    Olha, pior que é verdade, mulher entrando de branco na igreja causa inúmeros suspiros. Eu já até chorei em casamentos. Um em que toquei foi muito especial, por exemplo.

    Beijos querida!

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  16. O mais legal de ler (na verdade reler) esse texto é encontrar uma "historiadora de moda" nada distante do relato que faz. O que mais gosto nesse teu texto, Maya, é que por entre linhas informativas declarastes vestígios profundos do teu coração, perceptíveis apenas a olhares atentos, talvez através de um telescópio daqueles que se usa pra ver a lua.

    Mas aí já é opnião minha... E que bom que é.
    Do amor compatilho de sonhos contigo, e que a tradição seja apenas um adereço que jamais substitua o brilho nos olhos dos que se unem.

    Beijo, amiga!

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  17. Agora mais um local para expor tudo o que sente, né?
    Com certeza vai ser um sucesso
    =)

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  18. Oi Andréeeeee!!!

    Primeiro, super honrada por te receber aqui, sabe que sou tua enorme fã. Teu site BOMBA!

    Ahh, divido esse espaço com mais quatro grandes escritores, que eu amo muito! Tem sido muito bom esse compartilhamento de vidas, textos, alegrias e pensamentos.

    Obrigada pelo carinho, e espero que volte sempre que desejar, para não só ler meus textos, mas os dos meninos também.

    Beijos

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  19. Este comentário foi removido pelo autor.

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  20. Casamento é um dos mais únicos 'para sempre' que se pode continuar a fazer poesia.

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