Estávamos eu e Dan Porto falando de nossas rotinas e pareceu tão mais simples do que as epopéias complexas de nossos sentimentos. Talvez o que somos, na verdade seja muito mais sobre sobre isso.
Acordo todo dia às cinco e meia da manhã. Pego metrô e ônibus para o trabalho em um trajeto de, em média, 1 hora. Durante 6 horas produzo um programa de rádio. Marco entrevistas, escrevo roteiros, gravo com algumas pessoas, preparo material para internet e após o almoço durante uma hora e meia faço uma das coisas que mais gosto, embora seja cansativo, que é a programação musical. Escolher canções, formar blocos, tudo baseado em um extenso e bom repertório de MPB. Lá estou a caminho de casa novamente. Faço meus exercícios, vejo o que há para fazer quanto a pós-graduação, administro o twitter, visito o blog dos amigos escritores e vejo quais ideias anotei em minha agenda para escrever. No momento tenho uma proposta para a coluna Mundo Exterior no blog Retratos da Alma, falando de dois retratos da alma em momentos distintos de uma relação. A outra ideia é na verdade uma observação. Após encontrar uma garota algumas vezes no ônibus notei seu olhar para o infinito e o fato de nunca sorrir. Depois de escrever tento me distrair com algo, esquecer um pouco. Saio muito pouco de casa, mas pretendo mudar e aproveitar melhor a cidade nos próximos meses. Nesta segunda também pretendo tentar correr e brincar com os cachorros. São dois labradores da minha irmã, umas pestes, mas uns amores. Tenho que aproveitar, meu irmão já tem seu apartamento, minha irmã logo mudará com o noivo e meus pais pretendem deixar a cidade. Logo serei eu em um novo lar olhando esse horizonte de luzes que tanto me conquista. Beirando os 25 a noção de “adulto” me parece muito presente ao estar formado, com carreira, livro lançado. Mas sei que essa noção só virá por completo quando estiver no supermercado comparando o preço da mostarda e pensar sozinho: “Droga, cresci.”
É estranho me olhar despido do poeta. Adoro as sensibilidades, escrever do mundo, pessoas, eu, as questões e sentimentos. Adoro o carinho dos que dizem “Bom dia, poeta”. Mas também gosto de lembrar do que sou além disso. Este humano que vive de decisões (como todos nós) e que tenta se manter próximo aos princípios e meus sentimentos, consciente que nem sempre será possível, e irei desagradar e até doer em alguns (como todos nós).
Desta poesia e desta humanidade, só quero um sorriso de ambas, para trilhar este caminho em paz.
Eu convivo com a dificuldade no caminhar por dois mundos, inclusive estou preparando um texto sobre o assunto, que agora não lembro para onde porque minha memória não é das melhores.
ResponderExcluirDeveríamos ser um só, mas não acredito nisso. Há um amigo que diz que nunca é o mesmo, e concordo com ele. A vida é muito alinear para ser sempre o mesmo, não há como seguir sem se refazer.
Minha professora Rosa Maria diria que sou dialético demais, e me condenaria por isso, mas creio que a unidade é um estado, assim como a felicidade, por exemplo. De mais, convivemos com dois polos o tempo todo.
Vamos ver o que vocês acham!
Ser poeta também é ser humano. É preciso a fragilidade do humano para ter a força da poesia.
ResponderExcluirO conflito dentro da gente faz bem. Desde ao final os dois vençam.
Quanto ao que somos, creio haver muito mais em nossa bagagem do que conseguimos enxergar.
Parabéns pela ideia e iniciativa de criar um site como este. Não é em vão que os pensamentos surgem. O vento deve soprá-los.
Beijos
http://penseecorra.blogspot.com/
Ser humano e ser poeta são partes que se complementam, para revelar a vida com nuances de cores pouco tocadas.
ResponderExcluirAdorei esse espaço!
E quem não quer receber um "Bom dia poeta"?
ResponderExcluirMeu sonho é viver das palavras, mas como não consigo (ainda), as palavras que vivem de mim.
Este espaço dará muitos frutos.
ResponderExcluirE, poeta... A paz está ao redor. No que sentes, no que vês, no que crias. Estender os braços e alcançá-la não é uma escolha, e sim, uma missão.
Que bonito, Ana.
ResponderExcluir"As palavras que vivem de mim."
Ih, eu já ando comparando os preços e pensando: droga, cresci. Cresci em tamanho, apenas. Essa coisa de ser múltiplo é confuso... Consigo ver claramente mais de uma Alice, mas ainda não consigo traçar os limites entre elas. Não consigo dizer qual deve ir pra nunca mais, e qual deve ficar. Talvez, o problema todo seja querer entender. A paz é de sentir. E só.
ResponderExcluirBeijo e luz!
O poeta se mostro humano. Mesmo assim as palavras ocuparam seus lugares de recriarem aqui dentro, por ter lido. Abraços de saudações poéticas!
ResponderExcluirLeonardo Valente (MG)