quinta-feira, 29 de setembro de 2011

“Humanidade” (25/09/2011) - Danilo M. M.


Estávamos eu e Dan Porto falando de nossas rotinas e pareceu tão mais simples do que as epopéias complexas de nossos sentimentos. Talvez o que somos, na verdade seja muito mais sobre sobre isso.

Acordo todo dia às cinco e meia da manhã. Pego metrô e ônibus para o trabalho em um trajeto de, em média, 1 hora. Durante 6 horas produzo um programa de rádio. Marco entrevistas, escrevo roteiros, gravo com algumas pessoas, preparo material para internet e após o almoço durante uma hora e meia faço uma das coisas que mais gosto, embora seja cansativo, que é a programação musical. Escolher canções, formar blocos, tudo baseado em um extenso e bom repertório de MPB. Lá estou a caminho de casa novamente. Faço meus exercícios, vejo o que há para fazer quanto a pós-graduação, administro o twitter, visito o blog dos amigos escritores e vejo quais ideias anotei em minha agenda para escrever. No momento tenho uma proposta para a coluna Mundo Exterior no blog Retratos da Alma, falando de dois retratos da alma em momentos distintos de uma relação. A outra ideia é na verdade uma observação. Após encontrar uma garota algumas vezes no ônibus notei seu olhar para o infinito e o fato de nunca sorrir. Depois de escrever tento me distrair com algo, esquecer um pouco. Saio muito pouco de casa, mas pretendo mudar e aproveitar melhor a cidade nos próximos meses. Nesta segunda também pretendo tentar correr e brincar com os cachorros. São dois labradores da minha irmã, umas pestes, mas uns amores. Tenho que aproveitar, meu irmão já tem seu apartamento, minha irmã logo mudará com o noivo e meus pais pretendem deixar a cidade. Logo serei eu em um novo lar olhando esse horizonte de luzes que tanto me conquista. Beirando os 25 a noção de “adulto” me parece muito presente ao estar formado, com carreira, livro lançado. Mas sei que essa noção só virá por completo quando estiver no supermercado comparando o preço da mostarda e pensar sozinho: “Droga, cresci.”

É estranho me olhar despido do poeta. Adoro as sensibilidades, escrever do mundo, pessoas, eu, as questões e sentimentos. Adoro o carinho dos que dizem “Bom dia, poeta”. Mas também gosto de lembrar do que sou além disso. Este humano que vive de decisões (como todos nós) e que tenta se manter próximo aos princípios e meus sentimentos, consciente que nem sempre será possível, e irei desagradar e até doer em alguns (como todos nós).

Desta poesia e desta humanidade, só quero um sorriso de ambas, para trilhar este caminho em paz.

8 comentários:

  1. Eu convivo com a dificuldade no caminhar por dois mundos, inclusive estou preparando um texto sobre o assunto, que agora não lembro para onde porque minha memória não é das melhores.
    Deveríamos ser um só, mas não acredito nisso. Há um amigo que diz que nunca é o mesmo, e concordo com ele. A vida é muito alinear para ser sempre o mesmo, não há como seguir sem se refazer.
    Minha professora Rosa Maria diria que sou dialético demais, e me condenaria por isso, mas creio que a unidade é um estado, assim como a felicidade, por exemplo. De mais, convivemos com dois polos o tempo todo.

    Vamos ver o que vocês acham!

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  2. Ser poeta também é ser humano. É preciso a fragilidade do humano para ter a força da poesia.

    O conflito dentro da gente faz bem. Desde ao final os dois vençam.

    Quanto ao que somos, creio haver muito mais em nossa bagagem do que conseguimos enxergar.

    Parabéns pela ideia e iniciativa de criar um site como este. Não é em vão que os pensamentos surgem. O vento deve soprá-los.

    Beijos

    http://penseecorra.blogspot.com/

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  3. Ser humano e ser poeta são partes que se complementam, para revelar a vida com nuances de cores pouco tocadas.
    Adorei esse espaço!

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  4. E quem não quer receber um "Bom dia poeta"?
    Meu sonho é viver das palavras, mas como não consigo (ainda), as palavras que vivem de mim.

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  5. Este espaço dará muitos frutos.

    E, poeta... A paz está ao redor. No que sentes, no que vês, no que crias. Estender os braços e alcançá-la não é uma escolha, e sim, uma missão.

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  6. Que bonito, Ana.
    "As palavras que vivem de mim."

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  7. Ih, eu já ando comparando os preços e pensando: droga, cresci. Cresci em tamanho, apenas. Essa coisa de ser múltiplo é confuso... Consigo ver claramente mais de uma Alice, mas ainda não consigo traçar os limites entre elas. Não consigo dizer qual deve ir pra nunca mais, e qual deve ficar. Talvez, o problema todo seja querer entender. A paz é de sentir. E só.

    Beijo e luz!

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  8. O poeta se mostro humano. Mesmo assim as palavras ocuparam seus lugares de recriarem aqui dentro, por ter lido. Abraços de saudações poéticas!
    Leonardo Valente (MG)

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